Acordar, levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, checar o celular, trocar de roupa, comer, sair de casa, trabalhar, comer, conversar, comer, voltar para casa, comer, assistir televisão, ficar no celular, tomar banho, deitar, ficar no celular, dormir. Repete no dia seguinte, com variações conforme o dia e a rotina de cada um, mas em geral repete.
Depois de um bom tempo disso se repetindo, para alguns mais outros menos, um dia paramos e sentimos que não fizemos nada para nós, nada de especial, nada de diferente. Sequer nos lembramos do que fizemos, pois tudo estava em piloto automático, repetindo diariamente, sem qualquer tipo de interrupção, para que a produtividade fosse maximizada e não perdêssemos nenhum segundo do dia. O turbilhão nos consumiu e de repente descobrimos que nem mesmo percebemos. Nossa existência tornou-se magra, esticada, tênue. Tudo o que sai daquela rotina repetida tantas vezes parece complicado demais e difícil demais, até mesmo impossível. Mas como eu vou assistir ao nascer do sol, se durmo tarde e preciso descansar para trabalhar? E o pôr do sol? Preciso estar na academia neste horário para não atrasar para chegar em casa e ter meu bônus diário de tempo no celular para compensar o cansaço do dia.
Parece que cada ação nossa se resume a compensações para outras que por sua vez são obrigações para assim manterem uma escolha, que nem sempre é a nossa, mas que não questionamos.
Mas e se a cada ação que formos realizar questionarmos? Não longos questionamentos, mas um simples “Por que?”. Sem parar para filosofar sobre tudo, mas simplesmente entendendo o por que fazemos tudo. Pergunte e continue. Trazer consciência para cada etapa do dia. E ainda mais ousados, além de questionar, tomar 10 segundos entre cada atividade para respirar e olhar para si mesmo e se perguntar o que você realmente precisa agora? Pode ser que você esteja com sede e não saiba. Se 10 segundos parecem muito tempo, use 5 segundos. A cada troca de atividade, de foco, pare e respire uma vez, sentindo sua respiração. Nada zen, sem precisar previamente de um estado de paz interior absoluta. A respiração e a pausa farão isso.
Experimente mudar a rotina sem mudar a rotina, somente quebrando ela. A vida é feita de ciclos de movimento, então nada mais natural que o nosso dia também seja composto de ciclos, com início, meio e fim. E cada fim marcado por um pequeno momento de pausa. Um grão de areia de tranquilidade, consciência e presença. Ao final do dia teremos um punhado, após um mês já será uma quantidade considerável.