Tentei juntar algumas músicas que gosto das letras para que elas fossem inspiração para escrever. Acabei escrevendo histórias totalmente não relacionadas às letras da músicas, que me vieram quando ouvia as músicas, não quando lia suas letras. Sim, eu ouvia a mesma música cuja letra eu estava lendo. Eu entendia o que estava sendo cantando quando me colocava em uma postura meditativa (o clássico olho fechado, fone nos ouvidos e rosto virado para o além) para tentar captar a essência do que estava sendo cantando. E então a história que me vinha não tinha qualquer relação com a letra da música, mas sim com o sentimento que a música despertou em mim e a história que esse sentimento fez borbulhar.
Achei isso um absurdo, pois não era o meu plano inicial. Não era o resultado que eu queria. Então comecei a forçar histórias que tivessem relação com as letras das músicas. E o resultado foi um desastre total. Nenhuma boa história saiu. Tive que abandonar a maioria por que depois de alguns parágrafos já não tinham mais salvação. Frustrei-me com essa ideia de como ter ideias. Depois aprendi com ela.
Meu plano não era ruim, só a rigidez dele é que era ruim. O processo criativo não funciona exatamente como o planejamos, mas sim como deve funcionar. Ler as letras me trazia uma ideia, mas que não gerava histórias, pois estas já me chegavam como histórias prontas. Acredito que isso acontecia por se tratarem de coisas já escritas. Agora, ouvir as músicas, isso despertava algo em mim que fez o meu processo criativo começar a rodar. E quando deixei isso acontecer, coisas lindas foram criadas. Nem tudo foi lindo, obviamente, mas a taxa de sucesso foi muito maior do que quando tentei manter a rigidez do que havia planejado e queria que desse certo.
Estou ainda aprendendo a ser criativo e a exercer essa criatividade. Houve um tempo em que não me considerava uma pessoa criativa. Agora acho que estou começando a tocar em algo que reconheço como criativo. Quem sabe um dia eu me olhe no espelho e ache que esse caminho teve resultado.