Alguns prazeres são tão pequenos que quase passam sem que percebamos sua existência. Mas todos eles, sem exceção, saltam aos olhos quando deixam de estar presentes.
Já percebeu como faz falta o sol durante muitos dias chuvosos? E a chuva, quando fica muito tempo sem dar as caras? O som de pássaros, que nas cidades quase não se ouve mais. Ou o frescor do vento frio.
Hoje de manhã estava pensando que não sei se conseguiria morar mais em um lugar que não tenha vento como tem aqui. Nem me lembro mais como é não estar tão a mercê do clima, da natureza, de viver meus dias baseado nos dias que a natureza me presenteia. Todos os dias são presentes, cada um a sua maneira. Os dias de sol são para lavar e secar roupa, os de chuva são para olharmos para dentro de casa e de nós. Os de calor para correr para perto do mar, os de frios para chegar devagar para não se molhar. Cada dia é um presente para ser aproveitado conforme ele é apresentado.
Não sei mais o que é viver no automático. Viver sem olhar para o céu, sem sentir o cheiro do ar, sem ouvir o som do mar. Viver sem viver, só processar o alimento através do meu corpo sem sentir o seu sabor e o que cada coisa diferente que como faz comigo. Não sei mais o que é viver sem viver.