Cachorros de rua e crianças

Algum tempo atrás li em algum lugar que cachorros de rua andam o dia todo, chegando a andar dez quilômetros por dia em média. Também à algum tempo li que devemos fazer com que nossos filhos exercitem-se até quase a exaustão todos os dias, pois assim criam resiliência e toda aquela energia que eles tem é direcionada para exercitar-se e não deixar os pais loucos. Logo, fiz a óbvia associação: crianças são iguais a cachorros de rua. Tendo as duas informações, essa comparação fica simples. Ou não.

A questão é que nem todo mundo tem essas informações. Na verdade, quase ninguém tem essas informações. Assim, o melhor que consigo quando uso essa expressão sem explicar todo o contexto, o que normalmente não é possível, é um “como assim?”. Na maior parte das vezes a retribuição é um nariz torcido, afinal, estou falando de duas classes absurdamente protegidas, os cachorros de rua e as crianças. E eles não devem ser misturados nem comparados. Muito menos por um homem, branco e privilegiado. Um ultraje.

Por fim, decidi adaptar a expressão. Quando vejo que caberia o comentário “crianças são iguais a cachorros de rua” uso um sonoro “humpf”. Aparentemente isso faz muito mais sentido do que a anterior e não ofende ninguém.

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