O desejo de consumir é muito grande. Foi incentivado desde muito pequeno. Fazemos tudo o que fazemos para mais consumir. Vivemos mais tempo para consumir mais, não para termos mais experiências. E para viver mais precisamos consumir alguns produtos específicos, claro. Sempre consumir. É a ditadura do consumo. Nos revoltamos quando não podemos consumir mais.
Hoje, tal qual sempre foi, a maior parte das pessoas só consegue ganhar o que precisa para sobreviver, pouco sobrando para qualquer outra coisa. E aparentemente para qualquer coisa que se vai fazer é preciso ter dinheiro e gastar dinheiro. Pensava assim até que minha esposa me abriu os olhos algum tempo atrás. Ir ao parque não custa nada. Nem mesmo combustível, se estiver disposto a caminhar. O próprio caminhar não custa nada. Sentar e olhar o dia terminar, ou mesmo começar, para aqueles que conseguem acordar antes do sol. E para quem não consegue, vale a pena ao menos uma vez na vida colocar o despertador para conseguir ver esse espetáculo que acontece todos os dias, com hora marcada, em praça pública, sem necessidade de contribuição monetária.
Praticamente tudo que acontece à nossa volta não custa nada, financeiramente. Custa o que temos de mais precioso, nosso tempo e atenção. Mas não enxergamos isso sem um estímulo. São tantas chamadas acontecendo o tempo todo e buscando que a nossa opção de tempo e atenção seja dedicado a eles que parece que nada mais existe.
Como exercício em minha própria vida comecei devagar, para provar a mim mesmo que realmente era assim e funcionava. Passei a acordar antes do sol e tomar café assistindo ele subir todos os dias. É um suplício no começo, mas que qualquer um consegue esquecer quando assiste à beleza que é cada dia diferente. Não tem segredo nenhum para começar a fazer isso, só a vontade. Uma dica, comece no verão, pois assim no inverno não será tão mais difícil!