Armário

O primeiro desafio autoproposto para começar com o minimalismo foi o meu armário. De longa data já me incomodava com o tamanho do meu armário, apesar de não ser nada comparável com a maioria, mas sentia-me incomodado. A cada vez que acessava essa parte da casa deparava-me com uma fadiga decisória enorme, e recorria sempre às mesmas peças. Então resolvi que seria esta a primeira vítima.

Tirei tudo que tinha dentro dele e vesti todas as roupas. Aquelas que não me cabiam foram automaticamente separadas para doação. Não segurei nada para o dia que tivesse um corpo diferente, até porque não pretendia ter um corpo diferente. Essa parte foi fácil. O segundo passo foi escolher aquelas nas quais sentia-me bem. Essa etapa já foi mais difícil, pois muitas roupas eu havia ganhado de alguém, então eu tinha um certo apego sentimental à elas. Para não ferir este sentimento adotei uma estratégia diferente: separei todas as peças nas quais não me sentia bem, peguei uma velha mala e coloquei dentro. Dei o prazo de três meses para me decidir. Ao final dos três meses não me lembrava mais o que estava dentro da mala, e assim foram todas para doação, mala inclusive. Sequer abri a mala para ver o que tinha dentro, para não correr o risco de ter os mesmos sentimentos de apego ao que não me era útil.

Assim, fiquei com um armário extremamente reduzido. A situação estava controlada. Até uma semana depois, quando ganhei duas camisetas. Eu teria que criar uma regra, não bastava organizar e reduzir para na sequência deixar que tudo perdesse o controle novamente. As duas novas peças me agradavam. Então tirei duas camisetas que já haviam visto dias melhores para a doação. E assim surgiu a regra. Para que uma entrasse, outra teria que sair. O fator de escolha seria que só ficariam aquelas que eram as minhas favoritas, sejam elas novas ou velhas.

Minhas roupas ocupavam 25 cabides e 3 gavetas grandes, bem apertado. No final havia reduzido para 10 cabides e 2 gavetas grandes, com bastante espaço entre tudo para que ventilassem e ficasse fácil de visualizar. Não cheguei a fazer a mesma organização que havia antes, mas tenho certeza de que chegaria a menos da metade do espaço original.

Essa não foi a única vez em que tomei medidas drásticas em meu armário, mas foi a primeira, juntamente com meu primeiro passo para reduzir a quantidade de coisas que haviam dentro da minha casa. Fazer isso trouxe o benefício imediato de facilitar cada vez que eu abria o armário para encontrar o que vestir, afinal eu poderia pegar qualquer roupa visto que todas eram as minhas favoritas e me caiam bem, e a satisfação de ver como era possível fazer a vida como um todo tornar-se mais simples, deixando espaço para o que eu queria dedicar tempo, e não o que me tomava tempo.

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